23 de outubro de 2007

Frustração

Vão numa qualquer rua de uma cidade desta País. Dezenas de pessoas passam por vocês, cada um na sua rotina. Olham à vossa volta, reparam num rosto bonito, os olhos que vos chamam à atenção. O que fazer?
Nada minhas senhoras e meus senhores! A verdade nua e crua desta sociedade. Se meterem conversa, do género “ que horas são?” ou “ tens um lenço de papel?”, vão conseguir apenas uns segundos de atenção. Uns segundos que irão guardarem na vossa caixa de memórias. Uns segundos que não passam disso mesmo: uma memória fotográfica que irá desaparecer dentro de dias….porquê?
A resposta é simples: porque outro rosto bonito irá aparecer no outro dia, outros olhos vão penetrar a vossa alma, o mesmo diálogo, para guardar na mesma caixa de memórias.
Este processo repetir-se-á até ao dia em que acontece esse momento mágico: o rosto e os olhos são diferentes de todos os outros, a vossa caixa de memórias fixa esse rosto e esses olhos e anota: apaixonado!
Aquele rosto e aqueles olhos transformaram-vos, não param de pensar neles. Cada vez que passam por esse rosto e os vossos olhos fixam-no, o vosso coração leva choques eléctricos, bate com uma adrenalina, que vocês não controlam.
Satisfeitos? O diálogo será diferente, mas o fim é o mesmo: descobrem que ela(e) já tem outro amor, a frustração instala-se. A esperança desvanece-se e regressam ao mundo de onde tinham saído:mundo do(a)s encalhado(a)s, pessoas com sonhos e esperanças, que no fundo
sentem-se frustrados cada vez que passam por uma rua e vêem a felicidade dos outros, ao mesmo tempo que perguntam: para quando?


P.S.: qualquer contradição entre este texto e o último escrito por mim, não é pura coincidência, são estados de alma.

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